Ídolo do Corinthians, Zenon crava: “Sócrates era doutor, eu, filósofo”

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Um dos articuladores do maior movimento ideológico já visto no futebol brasileiro, a Democracia Corintiana, projeto do início dos anos 80, o meio-campista Zenon relembrou, em entrevista ao programa A Última Palavra, como era o relacionamento entre jogadores e dirigentes no clube. Em especial, destacou a amizade que fez com o craque Sócrates.

“Meu relacionamento com Sócrates? Ah, era maravilho... Dentro de campo, então, meu Deus do céu. Era uma coisa absurda. Aquele gol de 1983 mostra como a gente se entendia. Ele estava a 30 metros de mim e eu pensei: ‘Ele vai passar’. E ele passou”, disse.

Eram os dois, Sócrates e Zenon, os principais expoentes do movimento criado no clube paulista, que dava poder de voto também aos atletas e aos funcionários, não só ao corpo diretivo. Quem era o filósofo da Democracia? Para o bem-humorado ex-meio-campista não há dúvida: “Foi Zenon, um filósofo grego, quem introduziu os direitos humanos na Grécia, não vamos nos esquecer disso. É um nome forte...”, analisou, rindo. “Magrão (Sócrates) era doutor, eu, filósofo”, completou. 

Não foi só o ex-companheiro de time que recebeu elogios no programa. Diretor de futebol naquela época, Adílson Monteiro também foi citado: “Era um sociólogo, muito inteligente. Essa pessoa é responsável por isso. Se não fosse ele, dificilmente daria certo”. Durante o período, além de duas semifinais de Campeonato Brasileiro, o Timão conquistou duas vezes o Paulistão, em 1982 e 1983.

Mas, revelou Zenon, nem todos os jogadores concordavam com o sistema adotado. “Leão era um grande atleta, nos ajudou muito no bicampeonato, só que ele não participava, de fato, da Democracia. Quando passava a essa parte, ele ia cuidar das coisas dele. Hoje eu vejo declarações que não gosto. Ele diz que era uma bagunça, mas eu nunca vi uma bagunça dar certo”, desabafou.