Tite fez história no Corinthians ao ganhar a Libertadores de forma
invicta. Agora, mesmo com o foco voltado para a disputa do Mundial de
Clubes no Japão, o treinador não esconde que tem o desejo de assumir a
seleção brasileira. Em entrevista exclusiva ao R7, o
técnico contou que o posto ocupado hoje por Mano Menezes é uma ambição
sua. De acordo com ele, seus títulos o credenciam para assumir o cargo
quando o ciclo do atual comandante terminar, seja antes ou depois da
Copa de 2014.
O treinador também falou sobre a preparação da equipe do Parque São
Jorge para o Mundial e sobre as poucas dúvidas que restam sobre quem
será usado no time titular na competição. Tite comentou ainda sobre a
mudança sofrida pelo Chelsea desde a conquista da Liga dos Campeões até
agora. Para ele, houve uma mudança de ideia tática no time inglês e,
caso os dois se encontrem na final no Japão, o Corinthians deverá
encontrar uma equipe diferente em relação à temporada passada.Com
contrato assegurado até o final de 2013 no Corinthians, Tite descarta
qualquer pretensão de se tornar dirigente algum dia. Nem mesmo sabe se
irá renovar com o Timão quando o prazo acabar no final do próximo ano.
Leia abaixo a entrevista na íntegra.
R7 – O que essa reta final do Campeonato Brasileiro pode ajudar na preparação para o Mundial?
Tite: A gente começou por etapas essa preparação. A
gente terminou a libertadores, tiveram os jogos da ressaca pós titulo e a
gente começou uma recuperação, uma utilização de todos os atletas,
entrou em uma zona de segurança, tirou alguns jogadores que poderiam
estourar fisicamente. Mesmo assim tivemos problemas, no caso o Danilo e o
Wallace, porque problemas acontecem. A partir do momento que entramos
nessa zona de segurança, eu deixei bem claro que o foco era o Mundial.
Não é nenhum demérito ao Atlético-GO, ao Santos, ao São Paulo. Não dá
para disputar o título, nós já estamos na Libertadores, então cada jogo
desse é uma preparação para o Mundial.
R7 – Mesmo sem pretensões no Brasileirão, o Corinthians pode
terminar até em quinto lugar. Se tivesse utilizado força máxima desde o
início, estaria brigando pelo título?
Tite: Quanto mais no topo da tabela chegar, melhor
nosso time está vai estar preparado. É esse mote, esses pequenos
objetivos que coloco em relação à equipe. Para dar um exemplo, vou pegar
o Atlético-GO. No primeiro jogo do Mundial, a responsabilidade vai ser
só nossa. Contra o Atlético, também era. A queda deles já estava
encaminhada, mas a gente não pode errar. Eles vão jogar em
contra-ataque, a responsabilidade é nossa, tem que vencer. Bota esse
frio na barriga, essa faca no peito, porque vai ser assim lá. Nível de
concentração altíssimo, consistência enquanto equipe. Tudo isso vai
servir como preparação. Tomara que essa reta final sirva para chegarmos
bem, não igual, porque nunca é igual, mas parecido ao que tivemos na
Libertadores.
R7 – Sob sua gestão, o Corinthians ganhou a marca de ser um time
que calcula muito bem os riscos que corre durante os jogos. Como é
trabalhar isso na cabeça dos jogadores, essa linha entre o risco
calculado e a falta de juízo?
Tite: A capacidade de concentração dessa equipe é muito
alta. O nível de inteligência e o tempo de confiança por estar jogando
junto há muito tempo são muito altos. O que quero apressar é a retomada
dessa intensidade, dessa adrenalina. Desse ritmo mais forte. Ela tem
dominado jogar com pivô e sem pivô. Estamos controlando a carga para que
ela esteja intensa fisicamente no jogo. Essas variáveis são
importantes. Qual é a grande marca do Corinthians? A equipe mostra que
ela pode compactar marcando na frente, na intermediária ou atrás. Ela
tem essa compactação. Os jogadores sabem muito bem a posição e a função
que eles têm que exercer. Isso tudo contribui para nos momentos em que o
adversário estiver melhor, ele não consiga finalizar. Isso cria uma
consistência.
R7 – Como você vê seu futuro no Corinthians? Pretende renovar além de 2013, virar dirigente?
Tite: Não tenho essa pretensão nunca de ser dirigente
ou presidente de lugar nenhum. O que me fascina é o campo. Minha paixão é
técnica. Sou muito feliz e gratificado por ter um terceiro ano aqui no
Corinthians. Sabendo que são etapas, que aqui não temos uma cultura como
na Europa, que dá para ficar muito tempo. Já ficando o terceiro e
conseguindo os objetivos estou muito feliz. Depois deixa terminar o
terceiro ano e a gente olha para trás, para ver se continua.
R7 –
Sua carreira já o credencia como um dos favoritos para assumir a
seleção brasileira quando o Mano sair, antes ou depois da Copa. Você tem
esse desejo, pensa nisso?
Tite: Penso e tenho essa consciência. Torço e contribuo
profissionalmente para que toda a etapa do Mano seja finalizada.
Entendo que futebol é assim. É uma responsabilidade do técnico e de quem
comanda, para partilhar das ideias e das renovações. A partir de 2014 o
Tite vai estar, assim como outros grandes técnicos vão estar [como
favoritos]. Com a consciência também de que eu olho para trás na minha
carreira e todos os títulos, de todos os níveis, que eu consegui com o
Grêmio, o Internacional, Corinthians, com time da segunda divisão, com
time de fábrica, como professor de educação física, como ex-atleta, eu
conquistei. Então isso acaba me credenciando para estar lá. Eu ambiciono
sim. Mas com o devido tempo, não tenho uma obsessão com isso.
R7 – Você acha que conseguirá se adaptar ao tanto de interferências externas que um técnico de seleção sofre?
Tite: As tentações e as interferências estão no campo
de várzea. A sua índole e seu caráter você vai mostrar tanto ali na
várzea quanto numa final de campeonato. A sua conduta e os interesses
estão em todas as dimensões. Às vezes é mais divulgado, outras não. Mas
seus princípios não são medidos pelo local onde você está. Não é a
grandeza do clube ou a seleção. E eu já estou bem calejado com isso
também.
R7 – Voltando ao Mundial, o Chelsea mudou a maneira de
jogar nesta temporada. Parece mais ofensivo do que aquele que venceu a
Liga dos Campeões, pela chegada do Oscar e algumas outras mudanças. Isso
é bom para o Corinthians?
Tite: O grande peso de responsabilidade é do
Corinthians e do Chelsea. Depois vêm na escala as outras equipes. Tem
que trabalhar com essa pressão. Mas isso não assegura que haja uma
facilidade. Vou dar um exemplo: São Paulo campeão em 2005. No primeiro
jogo, ganhou de 3 a 2 do Al-Ittihad. Internacional campeão em 2006, 2 a 1
no Al-Ahly. Os dois jogos foram apertados. Quando é um jogo só, o
componente emocional é muito forte e pode fazer a diferença. Não pode
cometer erros. Segurança é fundamental. Então nós estamos preparados
para esse primeiro jogo. O Chelsea mudou fundamentalmente o jeito de
jogar. Quem viu o Chelsea na Liga dos Campeões e vê agora é a mudança de
uma ideia de futebol, independentemente dos nomes. Antes era uma equipe
mais conservadora. Se está certo ou errado não sei. Certo é que foi
campeã jogando contra Barcelona, Bayern, equipes que estavam
tecnicamente num estágio superior. É uma equipe mais móvel agora, mais
de transição com uma linha de três. Mudou um pouco a ideia nessa
temporada.
R7 – Muito se dizia que os sul-americanos se
importavam muito mais com o Mundial do que os europeus. Você acha que é
assim ainda ou a exibição do Barcelona contra o Santos sepultou isso de
vez?
Tite: Eu vou dizer onde deu esse start. Anos atrás o
brasileiro não dava valor à Libertadores e agora é a menina dos olhos.
Quando o Barcelona perdeu para o Internacional, acho que caiu a ficha do
europeu. Eles pensaram ‘ Pô, a gente não ganha na hora que quer’. Era o
grande Barcelona, foi uma das maiores vitórias táticas que um técnico
teve. O Abel foi de uma felicidade extraordinária. Era uma equipe com
nível técnico inferior, com um jovem de 17 anos que ninguém conhecia
como centroavante, que era o Pato, Adriano Gabiru fazendo gol, Iarley
fazendo assistência. Do outro lado tinha Ronaldinho Gaúcho, Deco, Xavi,
todos no auge, brincando de jogar. Depois disso, todas as equipes que
chegam ao Mundial se preparam melhor.
R7 – O fato de ser a primeira vez que o Chelsea disputa essa competição é um incentivo a mais para eles?
Tite: Tem aquele componente da primeira vez. O
Corinthians enquanto clube tem um título Mundial, eu não tenho. Essa
equipe toda está em um processo de evolução e é uma oportunidade única
na nossa vida. Eu não sei do Chelsea, mas eu quero ter na nossa equipe a
real convicção de que tivemos a melhor preparação. E fazer um grande
futebol, o nosso futebol. Vencer ou não vencer é uma contingência do
jogo. A cobrança minha do dia a dia é que a preparação seja na
plenitude, na totalidade. Para chegar na hora do jogo com a certeza de
estar preparado, ter essa consciência profissional.
R7 – Você já disse que sua principal dúvida em relação ao time do Mundial está no ataque. Ainda não resolveu?
Tite: O grupo foi campeão da Libertadores com todos os
atletas sendo reservas em algum momento. Essa ideia do respeito que o
técnico e o clube dão a eles, independentemente da titularidade, é muito
importante. Eu gostava de sentir isso quando era atleta. A linha de
quatro e os dois primeiro do meio de campo já estão bem encaminhados com
os nomes. A linha de três, inclusive por ter muitas opções, com o
último atacante, está em aberto.
R7 – O Douglas voltou a jogar bem. Ele também é dúvida para o time que vai estrear no Japão ou garantiu seu lugar?
Tite: Todos eles são fundamentais. Ele é um
articulador, gosta de jogar na faixa central. A mesma em que o Danilo
gosta de jogar. Ele gosta de jogar por dentro. É onde o coloquei para
jogar e onde ele voltou a se destacar. Mas ele pode jogar pelo lado. Tem
o Jorge Henrique também, o Emerson, que terminaram sendo campeões. O
Liedson também, depois teve que sair. Romarinho entrou e está dando uma
sequência. Vamos ver o campo para decidir.
R7 – Quem preocupa mais no time do Chelsea? Qual é a principal arma deles?
Tite: Estou acompanhando e prometo que respondo depois que passarmos da semifinal [risos].
Fonte: r7
Outra postagens
13 novembro 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)





Nenhum comentário:
Postar um comentário
Mande seus comentários assim como as criticas também, mas as criticas construtivas. As sugestões e pedidos serão aceito com muito prazer. Os melhores comentários serão postados neste blogue. Assim como as criticas, sugestão e pedidos.