Diz a lei brasileira que o indivíduo só é considerado legalmente capaz de exercer alguns direitos específicos quando atinge a maioridade. Marcos Aoas Correa está ainda a pouco mais de um mês disso - completa 18 anos em 14 de maio -, porém já é tratado como gente grande no Corinthians há muito tempo. Revelado nas divisões de base, o zagueiro de 1,80m vem sendo coberto por muitos elogios e está prestes a responder por outra importante responsabilidade na carreira: a de ser inscrito para a fase seguinte da Copa Libertadores.
Fora da lista inicial de 25 atletas, que tem Chicão, Leandro Castán, Paulo André e Wallace como opções da posição, Marquinhos (como é conhecido) vai ganhar a vaga do último deles caso a equipe confirme a tendência de classificação - precisa de um ponto em duas partidas. A alteração para as oitavas de final, a começar em maio, se deverá ao fato de Wallace ter rompido os ligamentos do tornozelo esquerdo e ficar meses fora de combate. Como correspondeu à altura nas seis partidas até aqui como profissional, o jovem defensor, campeão da Copa São Paulo de Futebol Junior de 2012, será seu substituto.
"A todo momento eu sonhava com isso, e está cada vez mais perto", diz Marquinhos, em entrevista na qual falou também sobre seu início de carreira como volante, a inspiração em Thiago Silva, os Jogos Olímpicos de Londres e, claro, a vontade de que o aniversário chegue logo para obter a carteira de motorista e não precisar mais das caronas do pai até o CT.
CONFIRA A ENTREVISTA COM O ZAGUEIRO DO CORINTHIANS:
Geralmente, nome de zagueiro não é no diminutivo. Em vez de Marquinhos é Marcão. Na base sempre foi Marquinhos?
Marquinhos - Sempre, desde a base, da época de moleque, por isso eu trouxe Marquinhos para o profissional. Todos dentro do clube me conhecem como Marquinhos.
(Nota da redação: Mocote é outro apelido pelo qual ele é conhecido)
Foi zagueiro desde sempre também?
Comecei como volante. Com o passar do tempo, fui para a zaga, me adaptei extremamente bem e estou até hoje ali.
Com quantos anos deixou de ser volante?
Foi no sub-14. Houve uma situação em que o time não tinha zagueiro, o treinador precisava de um jogador para completar a zaga e acabei indo. O treinador gostou e estou aí até hoje.
O Paulo André era meia, também mudou para a defesa e tem se dado bem. É uma boa coincidência, não?
É uma boa mesmo. É que, quando moleque, ninguém quer ser zagueiro. A ¿real¿ é essa. Com o passar do tempo, a cabeça do jogador acaba mudando. Acabam precisando de um zagueiro em uma eventual situação. Foi onde fui bem, o treinador me passou confiança...
Você conseguiu terminar os estudos?
Sim, já terminei no ano passado, quando completei o terceiro ano do Ensino Médio. Agora estou pensando em fazer um curso de inglês e, mais para frente, uma faculdade.
Como era trabalhar e estudar ao mesmo tempo?
Muito difícil. Você acaba se doando ao máximo nos treinos, na base mesmo eu era muito exigido. Ainda moleque tinha que ir para a escola e depois ao treino, era uma vida muito sacrificante. Mas tive a cabeça no lugar, sabia que era aquilo que eu queria. Abri mão de muita coisa, de muitas festas quando era pequeno, de muitas baladas. Está valendo a pena. Tinha um grande sonho de chegar aqui, de estar no profissional do Corinthians e chegar à Seleção Brasileira.
Qual presente quer ganhar no aniversário de 18 anos?
Vem sendo falado de uma renovação de contrato, e isso para mim seria um grande presente. Meu contrato vai até (30 de abril de) 2014, mas a diretoria está pensando em fazer uma renovação e aumentar o salário. Vim da disputa da Copa São Paulo e isso ainda não aconteceu.
Você sempre jogou futebol de campo, passou pelo salão?
Comecei em uma escolinha perto de casa para passar o tempo mesmo. Foi onde peguei o gosto do futebol. Passei por um teste no salão do Corinthians e, logo em seguida, fui para o campo. Acabei optando pelo campo com uma certa idade.
Prestes a completar 18 anos, você já pensa na carteira de motorista?
Tem que pensar nessas coisas fora de campo também, né? (risos) Por enquanto é meu pai que me traz ao CT, que me leva para todo lugar. Quando fizer 18 e tiver uma independência melhor vou pensar na carta, na faculdade, e assim vai...
Alguma vez já dirigiu?
Tenho noção já, mas procuro aprender mais no interior. A gente tem uma casa em São Carlos, perto de Araraquara. Pego mais lá, que é mais tranquilo. Aqui o pai fica meio inseguro de me deixar dirigir, de acontecer alguma coisa. Pego lá para aprender, aprimorar e, quando chegar a idade certa, estar pronto.
Que carro você dirige lá?
O Peugeot do meu pai ou o carro das minhas primas (risos).
Você tem 1,80m, não é dos maiores zagueiros, é do tamanho do Chicão. Como compensa a média estatura?
Minha característica não é de ser um zagueiro grande, forte. Então eu compenso com bom posicionamento, com bom passe também, com boa velocidade. Isso, acho que tenho bastante.
Já parou para pensar que o Corinthians não tem tradição em revelar zagueiro?
Sim. Comigo aconteceu de forma muito precoce, mas nada veio à toa. Tudo isso, acredito, seja merecimento, com sacrifício do dia a dia da base. Lá, todos gostavam de mim pelas minhas características dentro e fora de campo também. Sempre fui uma pessoa muito exemplar, tanto na escola como no futebol.
O Tite me disse que provavelmente você entrará na nova lista da Libertadores se o Corinthians se classificar, até por conta do desfalque do Wallace. Se te perguntarem qual camisa você quer, pega a 25 do Wallace ou a 10, que era do Adriano?
Fico com a 25 do Wallace mesmo (risos), a 10 não é para mim. Essa aí pode ter outros donos, não é minha função. Prefiro ficar com a 25 do Wallace.
Ele comentou também que você vê muito bem os erros, te elogiou bastante. Deve te dar muitos conselhos.
Ele procura mostrar aos jogadores aquilo que ele acha que é o caminho certo, onde aconteceram os erros. A gente foca bastante nisso. Procuro continuar acertando e melhorar onde errei. Isso facilita muito.
Você assiste aos jogos quando não é relacionado?
Sim, estou sempre acompanhando, até mesmo para aprender uma experiência a mais. Uma olhada a mais é sempre bom. Cada vez mais você vai se capacitando.
Com quem você se concentrou nas vezes em que foi relacionado?
Já concentrei com o (Emerson) Sheik, com o Paulinho...
O Sheik parece ser uma figura...
Nossa, é só resenha no quarto (risos).Tem algum zagueiro, não necessariamente da história do Corinthians, em que você se espelhe?
Gosto de assistir aos jogos do Thiago Silva (do Milan). Hoje é o zagueiro exemplo para todos os mais novos. Acho que minha semelhança com ele é muito grande. Ele não é um zagueiro muito alto, não é um zagueiro muito bruto, é um zagueiro mais clássico, de bastante velocidade e boa recuperação. As características dele se encaixam com as minhas. Procuro olhar o que ele faz de bom, o que ele erra também, para estar sempre melhorando.
O Mano Menezes (técnico da Seleção Brasileira) te colocou na pré-lista dos Jogos Olímpicos. Dá para ir a Londres com o Thiago Silva?
Tem que sonhar, tem que ter ambição. Se eu não acreditar em mim mesmo, quem é que vai acreditar? É no dia a dia, no trabalho, com foco aqui no Corinthians primeiramente, procurando meu espaço, aproveitando as oportunidades. Se chegar até junho em uma boa fase, pronto e preparado, com certeza vai ser um grande sonho realizado.
Antes da Olimpíada, o sonho pode ser disputar a Libertadores...
Sempre pensei nisso, a todo instante. O grande sonho de todo jogador que vem da base do Corinthians é disputar uma Libertadores e ser campeão. É o que todos lá almejam, sonham. Com certeza, quem conquistar esse título vai ficar marcado aqui. Então a gente tem que ter ambição, esse sonho. A todo momento eu sonhava com isso, e está cada vez mais perto. Tenho que continuar trabalhando.
Não. Estou tranquilo. Se essa oportunidade vier, vai ser em boa hora, então vou me dedicar ao máximo. Tem que estar sempre pronto para tudo, falando "olha, estou aqui, se precisar pode contar comigo".
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