Morte por negligência

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Conversas preliminares com operários que trabalhavam com Fábio Hamilton da Cruz, de 23 anos – oitava vítima de morte de acidentes durante as obras de construção dos estádios para a Copa do Mundo – indicam que houve negligência na utilização dos equipamentos de segurança durante a instalação das arquibancadas temporárias na Arena do Corinthians (Itaquerão), palco de abertura do Mundial da Fifa. Sem proteção, o funcionário caiu de uma altura de oito metros e não resistiu às múltiplas fraturas, perfuração no pulmão e traumatismo craniano sofridos.

O estádio foi liberado ontem depois de perícia realizada pela Polícia Civil. O delegado responsável pelo caso, Luiz Antônio da Cruz, titular do 65° DP de Artur Alvim, irá apurar se o próprio operário pode ter colocado sua vida em risco ao não fazer o uso apropriado dos equipamentos de segurança. “Vamos avaliar se houve um acidente ou negligência", afirmou. O laudo conclusivo deve sair em até 30 dias.

Segundo relatos de dois funcionários que estavam próximos ao local da queda, Fábio não se prendeu a um cabo de segurança e demonstrou “excesso de confiança” na execução do trabalho. O empregado teria dito aos colegas que faria um serviço rápido e simples e que não havia necessidade de prender seu cinto de segurança ao cabo-vida, fundamental para evitar quedas de grandes alturas. Durante o trajeto, acabou se desequilibrando e caindo.

Na tarde de ontem, o corpo de Fábio foi enterrado no Cemitério Municipal de Diadema, no ABC Paulista. No velório, amigos da vítima informaram que ele não tinha treinamento para trabalhar em alturas elevadas, informação que também será checada. Em solidariedade aos familiares, o Corinthians declarou luto de três dias. O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, também lamentou o episódio e divulgou em sua página no Twitter estar “muito triste com a morte trágica do operário”.

Apesar do acidente, as empresas responsáveis pelas obras garantiram que não haverá paralisações nos trabalhos – como ocorreu em novembro, quando dois operários morreram depois que uma peça da cobertura desabou – e que o cronograma que prevê a entrega da Arena em maio será seguido. A Secopa deve se manifestar hoje sobre o trágico episódio.