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04 fevereiro 2014

Corinthians refém da torcida. Futebol refém de criminosos. Até quando?


FUTEBOL INTERIOR

Mano Menezes declarou após a derrota do Corinthians contra a Ponte Preta que é o momento dos clubes se posicionarem veementemente em relação ao episódio da invasão do centro de treinamento por vândalos na véspera do jogo em Campinas. Mano está mandando um recado claro. Os clubes - e as nossas leis - continuam alimentando maternalmente esse monstro imprevisível, que ora pode apoiar o time num momento importante e no jogo seguinte se acha no direito de agredir um jogador.

Não me agrada criticar as torcidas organizadas. Talvez possam existir algumas em algum lugar por aí que realmente sejam organizadas, dispostas a cumprir seu papel de se colocar ao lado do clube que defende, na alegria ou na tristeza. Mas o que vemos, de maneira geral, são associações que servem ao propósito do crime, esse sim muito bem organizado.

Não são poucas as notícias de participantes dessas organizadas que foram presos ou que ainda são procurados, com fichas quilométricas e ligação com o tráfico de entorpecentes, latrocínios e tudo que se pode esperar da marginalidade. Uma pena.

 Realmente me entristece essa situação. Primeiro pela condição dessas pessoas, vivendo um verdadeiro inferno e levando muita gente, jovens ainda, para o mesmo caminho. Mas também pela condição dos grandes clubes, que se tornam refém da pior espécie de ser humano, aquele capaz de qualquer atrocidade pelas razões mais levianas.

Não quero retomar o discurso de que o futebol deveria ser apenas uma espécie de entretenimento para as pessoas, uma alternativa de lazer para as famílias, motivo de boas conversas entre amigos no churrasco de final de semana. Essa inocência se perdeu em alguma esquina do tempo, junto com as bolas de capotão, infelizmente.

O futebol tornou-se negócio de alto rendimento. E exatamente por isso o que menos importa é aquilo que acontece dentro de campo. Milhões e milhões de reais, dólares e euros são movimentados toda vez que um jogador toca na bola para iniciar uma partida. E essa ganância matou o futebol. E essa mesma ganância alimenta o monstro que invade o centro de treinamento do clube, a privacidade dos jogadores, e cria toda essa violência que estamos cansados de acompanhar todos os dias.

Meu irmão Wagner Bastos (irmão que essa vida me apresentou há mais de 30 anos!) me confidenciou outro dia sua desilusão pelo futebol. Logo ele, que, como repórter esportivo, respirou muito futebol dentro dos gramados por todo esse Brasil. Quando um apaixonado como Bastos se desilude, é mau sinal. Muito mau sinal.

Eu confesso que ainda gosto de assistir aos jogos. Mas pelas TV. Confesso que não tenho coragem de ir aos estádios, muito menos levar minha família. Não considero o estádio um ambiente saudável e seguro. E lamento muito por isso. Meu pai me levava pelas mãos para acompanhar os jogos do São Bento, em Sorocaba. Fui muito com o mesmo Bastos ao Majestoso e Brinco de Ouro e viajei com ele pelo interior de São Paulo acompanhando jogos da Série B.

Hoje em dia tenho receio de assistir aos jogos em casa, ao lado de meus filhos, porque posso expor minha família a cenas grotescas de violência dentro e fora de campo.

O Brasil recebe a Copa do Mundo de Futebol em poucas semanas. Não sei o que pensar. Temo pela segurança das pessoas. Enquanto torcedores invadirem o local de trabalho de profissionais, agredirem e furtarem funcionários do clube e praticarem terrorismo contra jogadores e comissão técnica e ainda assim continuarem impunes; Enquanto os clubes insistirem em colocar panos quentes sobre esses episódios por razões meramente políticas e financeiras; Enquanto o futebol estiver à mercê de pessoas inescrupulosas, carreiristas e criminosas, estaremos todos reféns desse monstro que devora o que há de mais sublime e encantador quando a bola rola para 22 jogadores dentro de campo.

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